terça-feira, 17 de julho de 2012
DESCOBRINDO A GLÂNDULA PINEAL
René Descartes, final do século XVIII. Católico devoto, ele baseou seus escritos sobre a mente humana e outros temas em firmes convicções sobre a bondade divina e a imortalidade da alma. As autoridades eclesiáticas proibiram seus livros em 1663, julgando blasfema sua comparação do corpo com uma máquina.
René Descartes concluiu que os seres humanos combinavam as duas naturezas, mas decretou que as arenas física e mental eram essencialmente distintas, ou seja, nenhuma das duas tinha mais do que um efeito sobre a outra. Das duas, o filósofo considerava o domínio do pensamento como o mais exaltado, por pertencer claramente aos homens. Como efeito, o pensamento era a marca singular da alma humana, que não precisa de espaço no qual existir e não depende de qualquer coisa material para seu vigor.
A mente pensante era um dom de Deus e provinha do plano espiritual. Tal como Platão antes dele, Descartes conferiu uma credibilidade anatômica para sua teoria, situando a sede da "alma racional" , a mente, no cérebro. Chegou a estabelecer o ponto exato de sua localização no alto do cérebro: a GLÂNDULA PINEAL.
Esse pequeno corpúsculo em forma de lágrima, que se acredita ter um papel importante no amadurecimento sexual e na adaptação às mudanças das estações e da luz, também é conhecido como terceiro olho e algumas culturas antigas atribuíam-lhe poderes místicos. Descartes, decidiu que o papel da glândula pineal era servir de ponto de contato entre o corpo e a mente. Através da glândula, especulava ele, a mente envia um fluido chamado espírito animal, semelhante ao sangue, através de todo o corpo, para estimular o movimento nos nervos e músculos. Inversamente, as mudanças no corpo, tal como são percebidas pelos órgãos dos sentidos, são transmitidas por esse mesmo espírito animal para a glândula pineal. Segundo Descartes, portanto, o que a pessoa percebe não é a visão de uma verdadeira cadeira ou cortina agitada pelo vento em uma janela aberta, mas antes o fluxo do espírito dentro do cérebro, produzido pelos sinais dos olhos. Descartes nunca poderia estar seguro de qual seria a realidade da "cadeira" ou da "cortina", mas sabia concerteza o que estava pensando sobre elas. O pensamento era a única coisa que ele tinha certeza daí sua famosa frase: "PENSO, LOGO EXISTO".
Ao venerar a consciência como manifestação da obra de Deus, a abordagem dualista de Descartes parecia deixar os estudos da mente fora da área da ciência. Deus tomava cinta das questões mentais,ou seja, espirituais; ao cientista caberia apenas ocupar-se das coisas que pudessem ser medidas, pesadas e testadas. No entanto, foi a grande visão de Descartes acerca da lógica do discurso científico que, entre outras coisas, levou mais tarde outros cientistas a denunciarem sua insistência na separação entre a atividade mental e a física. Para os críticos do dualismo cartesiano no século XVIII, como o médico e filósofo francês Julien Offroy de la Mettrie ou o filósofo inglês Thomas Hobbes, a única posição sustentável sobre a questão mente-corpo era o monismo materialista, a teoria segundo a qual todas as coisas na natureza, das ondas na praia aos desejos e lembranças de uma pessoa, eram de essência material e poderiam, em última instância, ser decifradas pelas leis físicas.
Hobbes sustentava que os homens eram autômatos, movidos pelos estímulos dos átomos em seus cérebros do mesmo modo que as máquinas são movidas por molas e rodas. Para La Mettrie as realizações tecnológicas que ele preferia estava um célebre pato mecânico que movia as patas e digeria alimentos, e afirmou em um ensaio de 1748 que a alma era apenas uma "máquina esclarecida".
Deste modo, tudo indica que os sentimentos, tal como o amor ou a raiva, têm influência sobre o comportamento físico. Mas os materialistas convictos como La Mettrie e Hobbes achavam inconcebível que um estado de espírito subjetivo pudesse ter qualquer efeito sobre o funcionamento das células do cérebros. Estavam convencidos de que a teia insubstancial da atividade mental só podia resultar de processos físicos, e não era uma manifestação fantasmagórica da divindade. Propuseram um argumento materialista que veio a tornar-se dominante: se a ciência pudesse mapear inteiramente a estrutura cerebral e acompanhar o curso do sangue e a comunicação dos nervos, seria possível demonstrar que todas as atividades da mente são subprodutos de interações materiais.
Enquanto especulações evolucionistas circulavam no período imediatamente anterior e posterior à virada do século, os que estudavam a consciência enfrentavam uma questão básica: O que é a consciência, e será que só os homens a possuíam? O psicólogo e filósofo americano William James definiu a consistência como "a perseguição de metas futuras e a escolha dos meios para sua realização". Baseando nisto, James chegou à conclusão de que seria possível dizer que até um sapo sem cabeça a possuía.
Experiências realizadas em um sapo cuja cabeça fora removida cirurgicamente haviam mostrado que se uma de suas pernas fosse amarrada no lugar e estimulada eletricamente, outra perna se esticava para tentar afastar a fonte de irritação. Para James, tratava-se claramente de um gesto proposital que indicava, pelo menos segundo sua definição, que o sapo era consciente. Levando a cabo observações sistemáticas do mundo animal, outros pesquisadores descobriram comportamentos igualmente complexos em uma ampla variedade de criaturas, de amebas a vespas e babuínos.
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