quinta-feira, 12 de julho de 2012

NEUROCIÊNCIA X FILOSOFIAS ORIENTAIS

No domínio da neurociência, os estudos de cérebros humanos danificados por defeitos congênitos, acidentes, doenças ou cirurgias revelaram que as pessoas atingidas exibem às vezes desconcertantes capacidades mentais e perceptivas que, para alguns pesquisadores do cérebro, parecem emanar de um "segundo eu", ou espírito interior. Tais observadores acreditam ter vislumbrado sinais de uma vontade mais alta que parece derivar seu poder não do ser físico, mas de alguma fonte imaterial que está além do alcance dos instrumentos científicos.

Ao explorar os estados alterados de consciência induzidos de diversas maneiras por sonhos, transes meditativos e drogas, alegam ter encontrado indícios de uma realidade mais ampla e invisível subjacente ao mundo físico; uma sintonia com esse domínio invisível, especulam, pode explicar fenômenos paranormais tais como a precognição, a psicocinese e um sentido de iluminação e de unicidade com o universo.

Do ponto de vista quântico, o universo não é apenas uma coleção de componentes mecânicos, como um brinquedo de corda, mas é também um todo indivisível e todas suas partes, inclusive a mente humana, agem sobre todas as demais, e reciprocamente. Alguns físicos muito respeitados chegaram até a afirmar que, sem a mente perceptiva dos seres humanos, o universo que conhecemos não existiria absolutamente a mente, dizem, podem ser a lente que focaliza o mundo dos acontecimentos aleatórios na realidade ordenada que percebemos.

Fundadores e praticantes de filosofias orientais como o hinduísmo, o budismo e o taoísmo conceberam retratos holísticos do universo nos quais a mente a matéria se fundem e fluem sem descontinuidades de um para o outro.
1500 anos antes que a física quântica fosse desenvolvida, um texto básico do budismo chamado Avatamsaka Sutra ensinava que a consciência e o mundo material que para as mentes não iluminadas parecem estar irremediavelmente separados, estão na verdade unidos em uma suave continuidade conhecida em sânscrito como o Dharmakaya, ou "corpo da grande ordem".

O debate sobre as origens da consciência tem sido mantido pelo menos desde os tempos de Platão. O filósofo grego foi um dos primeiros a argumentar que a mente humana era uma entidade por si mesma, cuja existência não dependia do corpo. E embora anatomicamente situasse a mente dentro do cérebro, ele negava todo relacionamento entre os dois. Platão acreditava que o cérebro era uma esfera, a forma geométrica perfeita, segundo os antigos gregos, e portanto, um depositório adequado para aquilo que julgava ser a essência da humanidade.

Na Idade Média, os filósofos cristãos desenvolveram sua própria teoria acerca da sede da consciência, que perpetuou a divisão dualista entre corpo e mente: Deus era a fonte de todos os pensamentos e sentimentos, que emanavam de um ponto poucos centímetros acima da cabeça. Por volta do século XV, as ciências naturais começaram a desafiar a visão de universo da Igreja. Mas seria nas mãos do matemático e filósofo francês René Descartes, no século XVII, que ecos do dualismo, da ordem sagrada da Igreja e da lógica dominante da época se transformariam e se fundiriam para formar a escola de pensamento que ficou conhecida como Dualismo Cartesiano.

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