sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

DISTÚRBIO DE PERSONALIDADE MÚLTIPLA (DPM)


O estudo sobre este distúrbio iniciou durante as primeiras décadas do século XX. Muitos médicos viam as múltiplas personalidades aparentes como exibições teatrais criadas por um forte ego central. Foi após a publicação, em 1957, do livro As Três Faces de Eva, que o interesse pelo problema ressurgiu.

Putnam descobriu que os padrões de fluxo sanguíneo no cérebro também flutuavam quando os indivíduos passavam de uma personalidade para outra e um colega seu descobriu diferenças mensuráveis nas impressões vocais de personalidades separadas. A conclusão assim como os comportamentos das várias personalidades, as funções cerebrais eram para cada uma.

O DPM foi também associado a fenômenos paranormais. Alguns pesquisadores acreditam, que nem todas as personalidades manifestadas por um múltiplo são geradas internamente. Algumas seriam espíritos de outros domínios, um terapeuta sugeriu, vestígios de vidas passadas. Nos anos 80, o psiquiatra americano Ralph Allison utilizou a expressão auxiliar do Eu Interior para descrever uma entidade especial que ajuda o paciente a curar-se e reintegrar-se.

Seja qual for a origem de seus muitos eus, as pessoas com DPM parecem receptivas às experiências paranormais. Chris Sizemore, a Eva original, teve repetidas vezes o que chamou de visões precognitivas. Dizia que, em certa ocasião, convenceu seu marido a ficar em casa por medo de que ele fosse eletrocutado, o colega que o substituiu foi eletrocutado no trabalho. Outro caso também foi da família de Billy Milligan estava acostumado ao fato de que ele parecia perceber problemas de sua irmã, mesmo a centenas de quilômetros de distância.

Além de seus supostos poderes paranormais, as pessoas com DPM tendem a ser anormalmente criativas e costumam abrigar, entre muitos egos, músicos, pintores e escritores. Mas talvez a própria condição seja a suprema resposta criativa a uma realidade insuportável. Diante da angústia da infância, as pessoas com personalidades múltiplas não se retraíram na psicose, inventaram novas personalidades para dividir o horror em um triunfo doloroso sobre a tragédia.

Nada há de novo na idéia dos laços entre a criatividade e a instabilidade mental. O Louco, o Amante e o Poeta, por Shakespeare em Sonhos de uma Noite de Verão, todos são iguais na imaginação. O poeta John Dryden sobre isso, disse A grande inteligência é aliada da loucura íntima, e por finos tabiques são separadas. O escritor francês Marcel Proust também disse, Tudo que há de grandioso vem dos neuróticos, afirmando Só eles fundaram religiões e compuseram nossas obras-primas.


                                             

O grande físico matemático do século XVII, Isaac Newton, caiu aos 50 anos vítima de um colapso paranóico que o incapacitou durante um ano e meio, teve dificuldades para comer e dormir por vários meses antes do colapso, acusava os amigos de conspirarem contra ele e alegava ouvir conversas que ninguém ouvia. Um biógrafo especulou que Newton durante toda sua vida foi solteiro e demonstrou pouco interesse por mulheres, perdeu a orientação mental em virtude de impulsos homossexuais reprimidos. O psiquiatra e escritor Anthony Storr sugere, que a paranóia da meia-idade de Newton teve origem no fato de ele ter sido abandonado pela mãe aos 3 anos.






                             


O pai da psicanálise, Sigmund Freud, lutou para explicar as raízes da criatividade. A análise, confessou ele; não pode fazer nada no sentido de elucidar a natureza do dom artístico, nem para explicar os meios pelos quais o artista trabalha. Ele concluiu que os artistas são simplesmente melhores do que a maioria das pessosas para canalizar as fantasias para algo proveitoso, as fantasias são uma fuga pouco saudável da realidade. Uma pessoa feliz nunca fantasia, os artistas são infelizes e pouco saudáveis.

Alguns especialistas como Carl Jung acham que os relatos podem ser uma referência a um nível de consciência que paira entre o consciente e o inconsciente, identificavam esse estado mental como a mente primordial, outros chamam de desvaneio. Nos anos 60 Harold Rugg, chamou esse de mente transliminar, condição que costumava associar não só à criatividade, mas também aos estados meditativos das religiões orientais, aos transes hipnóticos leves, à intuição e aos estados hipnagóticos (periodo entre o sono e a vigilia). Seu principal atributo é um ambiente acrítico de prontidão e receptividade relaxadas. Aberta a toda e qualquer idéia, a mente transliminar acaba encontrando a imagem ou o conjunto de símbolos mais simples para solucionar o problema que tem diante de si, Segundo Rugg, o resultado é um lampejo criativo aparentemente mágico.

Associada pela maioria dos neurologistas ao hemisfério direito do cérebro (território da imaginação, da intuição e dos conceitos mais visuais que verbais), a criatividade também foi ligada em alguns estudos , às ondas Teta, uma das quatro categorias gerais de ondas cerebrais. Pesquisadores da Fundação Menninger, no Kansas, encontraram uma semelhança entre as imagens mentais descritas por essas pessoas criativas e as visões nítidas e às vezes místicas experimentadas por voluntários treinados para produzir ondas teta. Outros cientistas observaram que as ondas teta são muitas vezes associadas à raiva e à violência.

As personalidades tendentes à fantasia sejam capazes de controlar suas imaginações fora do comum, não conseguem simplesmente romper com o vício narrativo. Tal como as pessoas com esquizofrenia, distúrbio de personalidade múltipla ou até mesmo um talento artístico excepcional, as que são dadas à fantasia não podem ter a mente humana por certa. Para elas, as possibilidades e limitações desta são coisas do dia a dia. Porém, na luta mental diária, aqueles que têm o dom ou o peso das mentes raras podem captar uma realidade que as mentalidades mais confotáveis nunca verão. Em 1967 o psiquiatra Ronald David Laing escreveu, O ego é o instrumento para viver neste mundo. Se for rompido ou destruído, a pessoa pode ficar exposta a outros mundos, reais de modo diferente.

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